13.7.15

"Lembrando, resolvendo e integrando memórias"

("Remembering, Resolving, and Integrating Memories" de John Luijten, 3º Dan, Gen Ki Aikido Yuishinkai, Holanda, extraído do livro "A Way to Reconcile the World, edição de Quentin Cooke)


"Eu tenho 48 anos, vivo no sul da Holanda e pratico Aikido há 23 anos. Já faz 7 anos que tenho meu próprio dojo onde ensino crianças, adolescentes e adultos.
Um dia, uma aluna me perguntou se estaria interessado em ensinar aikido aos pacientes de uma clínica para problemas de saúde mental, tais como depressão, trauma, stress, vícios, pânico e ansiedade.
Eu disse:
- Sim!
Os pacientes ficavam na clínica por aproximadamente 7 semanas, e o Aikido era uma das aulas que eles faziam para criar uma mente saudável em um corpo saudável. Eram divididos em quatro grupos com 10 a 15 pessoas. Duas vezes por mês eu dava aulas para dois grupo no sábado e dois grupos no domingo. Eu nunca sabia do que o paciente estava sendo tratado. No tempo limitado que eu tinha com eles, eu não esperava nada além de demonstrar o quão relaxados e positivos o treino poderia faze-los se sentir e abrir uma porta aos pacientes ao mundo do Aikido assim que seu tratamento terminasse.
Nas aulas praticamos exercícios de ki, princípios do aikido e hambo kata (exercícios com bastão médio).
Durante uma dessas aulas quando eu estava ensinando o kata, uma paciente começou a chorar e saiu da sala. Depois da aula, ela voltou e me contou a razão de sua explosão emocional.
Anos atrás quando ela trabalhava na Africa fazendo um trabalho missionário, ela testemunhou a morte de um homem por pauladas. Ela bloqueou esse evento em sua mente, não falando ou sequer pensando sobre ele até a aula com o hambo trazer o evento de volta a ela. Ela se surpreendeu com o acontecido, pois ela não se dava conta do problema, embora sua reação tenha provado o contrário. Como resultado, ela falou com o incidente a seus terapeutas e juntos, ela conseguiu processar e lidar com essa lembrança há muito tempo enterrada na memória.
Depois de duas semanas ela me pediu para fazer novamente o kata. Dessa vez ela permaneceu e terminou o kata, assim como a aula toda. Ela estava muito feliz pois para ela isso assinalava que ela finalmente chegou a um acordo com seu terrível trauma.
Nunca lhe havia ocorrido que esse evento, na verdade, a estava afetando profundamente sua vida desde aquele tempo, e no entanto, este exercício simples pode abrir uma janela para seu subconsciente, o que permitiu a ela retomar o trilho. Foi muito bonito ver o alívio e alegria em seu rosto, e para mim foi um exemplo maravilhoso do porquê escolhi ensinar essa maravilhosa arte.
Como disse o fundador: "A verdadeira vitória é a vitória sobre si mesmo, masakatsu agastu."



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