10.8.15

Arte como Caminho: novas turmas em Agosto

Fique ligado!!
Abriremos novas turmas do curso de meditação em movimento "Arte como Caminho" em Agosto!
Reserve sua vaga: tatamitodojo@gmail.com


Infos:
quartas, das 19h00 às 20h30
valor: 6 x R$200,00 (informe-se sobre descontos para pagamento a vista)
taxa de material: R$100,00
aula avulsa: R$60,00

mais detalhes sobre o curso: http://www.tatamito.com/#!cursostatamito/cee5


1.8.15

Curando com o Ki

nikyo sendo aplicado no tatame

O Sensei Richard Moon, da California, teve uma experiência decisiva em sua vida há muitos anos atrás. Um dia, enquanto visitava sua mãe em San Diego, recebeu a notícia que seu irmão mais velho, Bill, teve um acidente sério com sua scooter e estava em coma em um hospital correndo risco de vida.
Passada uma semana do acidente, Bill continuava não respondendo e Richard havia voltado para casa pois a família insistia que não havia nada a ser feito no momento e ele tinha uma certeza interna de que seu irmão iria melhorar. Mas o tempo foi passando e esse sentimento foi se dissolvendo, dando lugar a uma sensação de desconforto e um desejo de voltar ao hospital. Assim, contrariando os conselhos familiares, Richard decidiu que pegaria um avião para cidade onde seu irmão estava internado. Com essa decisão, sua mãe, que estava indo embora para casa, decidiu permanecer e buscá-lo no aeroporto. Nessas alturas, já fazia um mês que Bill estava internado.

A seguir, um trecho traduzido do texto de "Healing with Ki" de Richard Moon (extraído do livro "A Way to Reconcile the World, edição de Quentin Cooke) que narra a chegada de Richard ao quarto onde estava seu irmão:

"Havia um residente no quarto fazendo sua ronda. Depois de sermos introduzidos, ele gritou no ouvido de Bill: "Seu irmão Richard está aqui."
O que se perdia com isso? Nada.
Apenas uma enfermeira no quarto. Minha mãe estava lá e Christine, a amiga de meu irmão chegou. Enquanto ambas permaneciam na ponta da cama, eu me aproximei gradualmente. Eu pus minhas mãos nele, uma no pescoço e outra em seu rosto. Eu falei com ele e o chamei mas não houve resposta.
A palavra ki do aiki significa energia ou força vital. Em meus estudos de aikido, por causa da minha natureza e meus interesses, eu dei muita atenção ao processo de cura pelo ki. Eu participei de seminários e procurei informação e professores focados nisso.
A cura pelo ki é a prática do fluxo consciente de ki, ou energia vital, para um machucado a fim de estimular o processo de cura. Uma mãe beijando uma criança machucada é um exemplo de transferência de ki. Eu usei a cura pelo ki inúmeras vezes, mas nunca numa situação como essa. Apesar de cético das minhas próprias impressões a princípio, eu experimentei o fluxo de ki semelhante a uma substância dourada, tipo um mel. Mesmo com todos os meus anos de treino, eu me impressionei como era tangível a experiência.
Da mesma esfera misteriosa de consciência que levou-me aqui em primeiro lugar, eu me senti impelido a tomar a mão de Bill e aplicar uma técnica de aikido chamada nikyo, uma chave de punho. Nikyo tem o potencial de criar grande pressão a ponto de levar a uma dor intensa. Todas as técnicas de aikido podem remontar ao conflito marcial, mas a maneira como eu aplicava a técnica naquele momento era diferente.
Eu estaca enviando o fluxo de energia como um contato com o centro de seu ser. Nessa abordagem da arte, minha atenção estava sintonizada a sensação de ki ou fluxo de energia, eu continuava. Depois que um movimento que parecia que suas pálpebras se agitaram e seus olhos pareceram mover-se como se procurassem algo, eu perguntei: "Bill, Bill, voce pode me ouvir?"
Embora o som viesse do fundo de sua garganta e estivesse muito truncado, nada claro, eu posso jurar que ele disse : "Sim".
Eu admito que eu queria tanto escutá-lo dizer algo que eu não tive certeza. Eu temia tanto estar inventando isso, que eu reforcei o nikyo e deixei fluir ainda mais energia para ele. Seus olhos estavam definitivamente respondendo. Eu tinha certeza agora. Eu disse:
- Bill, quem sou eu?
Do fundo de sua garganta, eu um tom truncado e quase ininteligível, ele disse:
- ..ichard.
Eu olhei em volta do quarto. Os olhos da enfermeiras estavam arregalados. Minha mãe e Christine ainda permaneciam aos pés da cama. Estavam de mãos dadas e com um olhar maravilhado. Ambas assentiram com a cabeça.
Cristine disse:
- Eu tenho certeza que ele disse Richard. Eu tenho certeza que ele disse seu nome.
Voce teria que estar lá e escutar o quão inteligível foi sua fala para entender a twilight zone em que estávamos naquele momento.
De volta a Bill, eu apliquei novamente nikyo e perguntei:
- Bill, você sente isso?
Ele disse:
-Sim.
Cada vez que ele falava, as palavras pareciam estar cada vez mais claras. Eu disse:
- Bill, fale meu nome.
Quando ele disse "Richard" dessa vez, nós nos entreolhamos. Nós tínhamos medo de acreditar, e mesmo assim nos todos estávamos certos que o havíamos escutado falar. Eu aumentei ainda mais a pressão. Eu disse:
- Bill, se isso doer, diga "tio".
Numa voz truncada, mas mesmo assim, distinguível, ele disse:
- Tio!
Foi alto e claro. Nesse momento nenhum de nós questionou. Nos entreolhamos em lágrimas, risadas e sorrisos.
A enfermeira em choque, parou o que fazia. Ela olhou para mim com seus olhos imensos e me perguntou:
- O que você está fazendo?
Eu expliquei sobre meus interesses na arte do aikido como estudo da energia da vida. Eu disse para ela que era usado tanto como para autodefesa como para cura. Eu disse a ela que estava transferindo o ki  ou a energia vital que cura para o meu irmão e que estava usando esse processo para fazer contato com a consciência dele.
Ela olhou para mim com educação. Era como se pudesse ouvi-la pensando que um de nós devia estar louco, e como eu era da Califórnia, não havia questão que devia ser eu. Ao mesmo tempo, ela estava lá e ela o viu responder. Ela deixou o quarto repentinamente.
Minha mãe estava em lágrimas. Ela correu ao telefone para chamar Gene que estava terminando uma residência na Clínica Mayo em Rochester. Quando ela voltou, ela disse que ele conseguiu alguém para substituí-lo e que estava saindo imediatamente. Ele e sua esposa estariam em Twin Cities em algumas horas.
Em menos de cinco minutos uma bateria de médicos entrou no quarto. A enfermeira provavelmente disse alguma coisa que os trouxe tão rapidamente. Eles estiveram com Bill por mais de 4 semanas e não viram nenhuma resposta consciente. Andaram em volta dele. Cutucaram-no. Estimularam-no. Falaram com ele, sem respostas.
Nesse meio tempo, Bill tinha voltado ao seus estado inconsciente e não dava respostas. Eles não viram nada. Eu sentia que eles me olhavam com o canto dos olhos, então não disse nada. Olhando para mim, eles deixaram o quarto.
Assim que eles saíram, meu pai inesperadamente entrou no quarto. Ele não sabia que eu viria e se surpreendeu ao me encontrar ali. Ele esteve no hospital todos os dias desde o acidente. A fadiga em seu rosto era evidente. Ele disse que no dia anterior chegou ao fundo do poço. Ele disse que havia passado a noite em lágrimas, com medo que Bill nunca retornasse. Minha mãe o interrompeu:
- Jay, ela disse, Bill acaba de falar o nome de Richard.
Eu fui até a cama e peguei na mão de meu irmão novamente e apliquei o nikyo. Seus olhos começaram a rolar. Suas pálpebras começaram a se agitar e abrir. Parecia que ele olhava em torno do quarto.
- Bill, você sabe quem está no quarto agora?
Ele não respondeu imediatamente, então , eu perguntei novamente:
- Bill, quem está no quarto agora?
Em sua profunda, truncada e quase ininteligível voz, ele respondeu:
- Papai."

O texto é longo. Continuo depois. A história é linda e sobretudo é real.
A história inteira está em inglês nesse livro inspirador editado por Quentin Cook que recomendo:

http://quentincooke.tumblr.com/