30.3.15

A história de Morihei II

Muitos de nós, em algum ponto de nossas vidas, sentimos uma insatisfação com algo de nossos corpos. O que é um insignificante detalhe para o outro, para nós torna-se fonte de desgosto e infelicidade, o que era pequeno, torna-se grande.

Morihei Ueshiba, conhecido como O Sensei - literalmente grande mestre - ironicamente era pequeno, um homem de estatuta baixa e muito insatisfeito com isso em uma certa altura de sua vida.


detalhe de gravura de Shigeo Nishimura ilustrando recrutamento na Era Meiji
Leia um trecho interessante da biografia de Morihei Ueshiba (1883-1969), o criador do Aikido que toca nesse aspecto:

"Em 1904, estoura a guerra entre Russia e Japão e Morihei tenta alistar-se no exército, mas é recusado pois não tinha a altura mínima requerida: 1,52 m. Essa rejeição o deixa furioso e ele então decide ir para as montanhas, treinar vigorosamente, até mesmo se dependurando em árvores por horas na tentativa de aumentar sua altura. 
Em sua segunda tentativa de alistamento, consegue ser aceito como reserva e seu grande empenho e habilidades com a espada e a baioneta logo foram notados, sendo promovido rapidamente a sargento. Porem foram essas mesmas habilidades que o privaram de ir para o campo de batalha - contra sua vontade, por sinal - pois ele foi considerado um professor muito valioso para os outros soldados para arriscar ser perdido.  

Morihei continuou insistindo e após muitos pedidos ele foi à linha de frente onde surpreendeu seus camaradas correndo diretamente ao ataque. Morihei afirmava que quando estava perto o suficiente conseguia ver um flash de luz, como uma trilha das balas antes que elas o alcançassem. Este foi um dos primeiros dos muitos relatos das habilidades extra-sensoriais de Morihei.  

Sua bravura nos campos de batalha fizeram-no ser chamado de o 'soldado de ouro'. Quando a guerra acabou, em 1905, ofereceram a Ueshiba a oportunidade de entrar numa prestigiada escola para oficiais, a qual optou por declinar em função de um pedido de seu pai para que voltasse para casa. "*

Revista O Malho #94, 1904

* tradução livre do livro de William Gleason, The Spiritual Foundations of Aikido.

26.3.15

Olhos, corpo e mente




Já comentei  um pouco das ideias da medicina chinesa sobre o fígado. Na visão dos cinco elementos, os olhos estão ligados ao fígado e ao elemento madeira. A sintonia se reflete na ideia de imaginar/projetar/planejar ou seja, criar, que ressoa com a energia da primavera e do elemento madeira. Assim, a visão é não apenas o ato de enxergar, mas projetar e, os olhos, seus orgãos, são afetados quando existem desequilíbrios nesse sistema. (leia mais)

Os orientais perceberam essa interessante relação há muito tempo, mas existem ocidentais que também o fizeram mais recentemente. Reproduzo aqui as palavras do incrível Meir Schneider (que nasceu cego e com exercícios e muita disciplina, recuperou muito da visão):

"Todos fomos educados para crer que nossos olhos - ao contrário da maioria das outras partes do corpo - podem apenas mudar para pior, e nunca podem melhorar se começaram a deteriorar-se. É fácil pensar assim, porque de fato, a maiorida das pessoas com problemas de visão apenas tende a piorar. Isto, entretanto, acontece apenas porque elas não sabem como melhorar sua visão.Ninguem pode ser culpado disso. A melhora da visão é um processo complexo. Nossos olhos - e nossas habilidades visuais - estão intrincadamente ligados com nossos corpos, nossas mentes e nossas emoções. Nossos olhos agem sobre cada aspecto de nossa vida; trabalhar para melhorar a visão é portanto um desafio. Nesse processo você pode dar de cara com tensões físicas* profundamente enraizadas, resistência mental, bloqueios emocionais e traumas. No entanto, ao encarar essas dificuldades, muitas pessoas não só superaram seus problemas visuais, como mudaram suas vidas".

*mais uma correlação músculos/olhos que ressoa com a medicina chinesa

24.3.15

A história de Morihei I

Acho particularmente interessante alguns trechos da vida do criador do Aikido, Morihei Ueshiba (1883-1969). Vou postando alguns parágrafos. Este é do livro de William Gleason, The Spiritual Foundations of Aikido - tradução minha:

"Era um estudante brilhante, interessava-se avidamente pela matemática e física. Ao terminar a escola secundária, matriculou-se numa academia de ábaco de excelente reputação e em um ano tornou-se assistente do instrutor da escola. Depois de sua graduação, Morihei conseguiu um trabalho no escritório local da administração fiscal. Ele tinha uma mente rápida e uma excepcional habilidade com números e rapidamente foi promovido a superintendente.
Sua consciência social já era evidente desde cedo. Quando tinha 19 anos, uma nova lei foi imposta aos pescadores, favorecendo as grandes frotas comerciais de pescaria e impondo dificuldades aos donos de pequenos barcos pescadores.  Morihei e os pescadores manifestaram-se contra a lei naquilo que ficou conhecido como o Incidente Iso. Isto terminou sua carreira na administração fiscal. Sem emprego, mas ainda um sonhador, ele dirigiu-se ao norte para Tokio para tentar a sorte, estabelecendo a Companhia Ueshiba, que tornou-se uma grande papelaria. Nesse meio tempo , tornou-se interessado nas artes marciais e estudou tanto o antigo jujutsu (koryu) quanto o estilo shinkage de espada. Mais tarde, ficou doente e foi forçado a retornar a Tanabe, deixando seus negócios com seus empregados. Chegando em casa disse a seu pai, "Bem, eu sai de mãos vazias e retorno de mãos vazias". 


20.3.15

Workshop Arte como Caminho : inscreva-se!

No último sábado de março proponho um workshop de 2 horas de duração baseado no curso Arte como Caminho.
Este curso vem acontecendo às quintas a noite com apenas 4 pessoas, o que garante um trabalho bastante específico e intenso (veja algumas imagens abaixo).


Para se inscrever no workshop, acesse o link do Cinese:
http://www.cinese.me/encontros/arte-como-caminho-workshop


Arte como Caminho

18.3.15

Caminho da Harmonia

As vezes a gente cisma de abrir um livro em uma página qualquer e se surpreende com palavras inspiradoras, que compartilho aqui:



"O Caminho da harmonia não é um caminho fácil. A verdade não iluminará um espírito preguiçoso. É um Caminho áspero, marcado pelo trabalho, pelo suor e pelas dores da realidade, pois o conflito tem de ser experimentado e compreendido. A experiência física do conflito é exigente e frustrante - mas a frustração maior, a exigência mais exaustiva para o espírito é a luta para subjugar o ego quando se aspira ao auto-aperfeiçoamento e, em última análise, ao bem da sociedade. Entretanto é também um Caminho animado pela intensidade do desafio, pois o espírito se torna fértil com as alegrias da evolução." (SAOTOME, 1993:76)



Mitsuge Saotome Shihan

17.3.15

Arte como Caminho



aula de Arte como Caminho

em japonês quer dizer caminho: Aikido (Caminho da Harmonia),  Judo (Suave Caminho), Shodo (Caminho da Escrita) e por ai vai.... A ideia de caminho permeia a cultura oriental e indica sobretudo que a vida é um caminho, um processo que se desenrola e no qual vale a pena buscar a consciência para poder evoluir. 
“A arte do dô, de forma similar ao santuário, em vez de valorizar a consequência, lança luz sobre o “modo pelo qual” se efetiva uma ação, sobre a montagem processual para alcançar ou conquistar uma determinada habilidade artística com a busca de uma espiritualidade mais elevada”*
 
É com essa mentalidade, de enfoque no caminho que proponho o curso "Arte como Caminho", uma proposta derivada de minhas próprias pesquisas artísticas que vêm sendo contaminadas pelo pensamento oriental há muito tempo.


Funakogi Undo, 2013, nanquim sobre papel



Voltado para pessoas interessadas na ampliação do estado de concentração e autoconsciência, propomos exercícios de práticas físicas (individuais e em duplas) e artísticas, que levam a uma percepção do ki ampliada, sua relação com o corpo em movimento e sua relação com o estabelecimento de uma condição de centramento e predisposição à harmonia.


As aulas tem a duração de 1h30, sendo que os primeiros 50 minutos são dedicados às práticas físicas, só então os alunos passam as práticas artísticas com pincel japonês. Durante ambas as práticas traçamos correlações entre os movimentos do corpo no encontro com o outro e na relação pincel/papel.


'Anatomia' do pincel fude




Aulas semanais para grupos de no máximo 4 pessoas
 Reservas e mais informações sobre horários por email
ou telefone/whatsapp: 98290 66561

*(in Okano, Michiko. Prefácio. in Dô – Caminho da Arte: do belo do Japão ao Brasil. Org. Cecilia Kimie Jo Shioda, Eunice Vaz Yoshiura, Neide Hissae Nagae. São Paulo: Unesp, 2013).

2.3.15

Aikido Corpo-Ki Pais & Filhos

Introduzir os princípios  de harmonia e colaboração aos seus fllhos e ao mesmo tempo proporcionar um momento de descobertas entre vocês. Agora o Tatamito oferece duas turmas de Aikido Corpo & Ki para Pais & Filhos, claro que incluindo mães e filhas na equação!

AIKIDO CORPO-KI PAIS & FILHOS
Sábados: das 9h00 às 10h00 e das 10h00 às 11h00
Para se inscrever na aula experimental: tatamitodojo@gmail.com ou whatsapp 98290 6651

AIKIDO CORPO-KI FAMíLIA
A oportunidade de usufruir de uma hora de atividades tão profundas e ao mesmo tempo divertidas em família pode acontecer na sua casa caso haja  espaço suficiente para montar um pequeno tatame. Contacte-me para saber mais