Se a abordagem das artes marciais que fazemos no Tatamito (espaço dedicado à transformação pessoal) se justifica sobretudo por uma possibilidade metafórica de compreensão dos conflitos e dilemas humanos, nessa leitura do Tarot, temos alguma aproximação em relação a esse entendimento também.
O termo artes marciais deriva de Marte, deus romano da guerra. O equivalente grego deste deus pode ser considerado Ares. O deus da guerra grego era filho de Hera e foi concebido sem a semente masculina. Ares pode ser considerado o oposto de Atena, símbolo de estratégia e coragem refletida. Ares sempre foi associado a conflitos, força bruta e falta de refinamento.
Ares apaixonou-se por Afrodite, que era casada com o deus-ferreiro Hefesto, doente e aleijado. Quando descobriu o adultério, Hefesto forjou uma rede muito fina, quase invisível mas inexplicavelmente forte e que jamais poderia ser rompida. Soltando a rede sobre os amantes, Hefesto chamou os deuses para testemunharem esse adultério. O fato não abalou a paixão de ambos que tiveram uma filha, Harmonia, aquela que estabelece uma ligação equilibrada entre o amor e a paixão.
Marte e Vênus surpreendidos por Vulcano os equivalentes romanos de Ares e Afrodite e Hefesto respectivamente. Pintura de Alexandre Charles Guillemot, 1827, Indianapolis Museum of Art. |
No nível psicológico Ares simboliza os instintos agressivos conscientes. Os cavalos que seguem direções opostas são os conflitos internos e desarmônicos, que precisam ser trabalhados, mas não reprimidos e esquecidos. Ares é o deus sem pai, o que significaria que não recebeu de um pai arquetípico o espírito da ética, mas ainda conta com vontade e força para sobrevivência no mundo competitivo.
Descrevo aqui sucintamente uma carta que de alguma forma se relaciona com as artes marciais: "O Carro", no sentido de lidar com a ideia de conflito.
Assim, chame-se de do, jornada ou caminho, cabe a cada um de nós descobrir dentro de nós mesmos, por diferentes estratégias, um sentido e significado nos acontecimentos de nossas vidas, ainda que dolorosos, pois esse é o impulso de nossa evolução pessoal.
fonte: O Tarot Mitológico (Liz Greene e Juliet Sharman-Burke, Ed. Siciliano)
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